terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Notas sobre a teoria da Evolução das Espécies (por Christos Yannaras)

Graças aos avanços na genética, o princípio da evolução das espécie, atualmente, é compreendido de modo bastante diferente daquele que determinou a teoria de Darwin. Darwin não tinha conhecimento do mecanismo da hereditariedade. Hoje sabemos que aquilo que um organismo transmite para seus descendentes através da reprodução são seus genes, isto é, instruções codificadas, ou "pacotes" de informações. A necessidade para adaptar-se ao ambiente, a função da seleção natural, não é capaz de conduzir indivíduos de uma espécie a criar nova informação, mas apenas "passar" a informação genética, assim, então, modificando o estoque original de genes.

Uma população de plantas, por exemplo, possui um certo número de genes que determinam o tamanho das raízes. Depois de um longo período, se as plantas encontrarem-se em um ambiente seco, aquelas com as raízes mais longas, um traço que as permite captar água e sais de uma profundidade maior, serão aquelas que sobreviverão. Assim, os genes responsáveis pelas raízes curtas terão uma menor chance de sobreviver e de serem herdados. Após certo período, nenhuma das plantas desta população específica possuirá os genes para raízes curtas, porque apenas as plantas com as raízes longas terão sobrevivido. A informação para raízes longas estava nos genes da população ancestral. A adaptação ao ambiente, ou o desenvolver da seleção natural, não evocou uma informação nova ou adicional mas reduziu a quantidade de informação. Aquelas plantas que tornaram-se capazes de sobreviver em um ambiente seco transmitiram uma parte da informação genética que os ancestrais individuais da espécie possuíam; o preço da adaptação é a perda definitiva de informação nessas plantas. Se o ambiente das plantas tornar-se mais uma vez úmido e as raízes curtas tornarem-se indispensáveis para a sobrevivência, a informação genética (ou genes) das raízes curtas não reaparecerá, e aquela população particular não será capaz de adaptar-se nas novas condições.

Essa forma de adaptação ao ambiente foi considerado por Darwin como um processo que funcionava de maneira ilimitada e portanto era a causa de variações significativas nos organismos vivos. Pelo fato de que num período de tempo relativamente curto novas variedades de uma espécie particular podiam aparecer, então em um período muito mais longo de tempo, por exemplo, milhões de anos, novos grupos taxonômicos de espécies poderiam ser formados - pássaros poderiam emergir de répteis, anfíbios de peixes e assim adiante.

Com a descoberta e o estudo das funções dos genes e da composição do DNA, tais possibilidades foram descartadas - uma transição evolucionária de uma espécie em outra não é possível. Essa impossibilidade emerge simplesmente da aplicação de métodos estatísticos para a análise de possibilidades evolucionárias (a metodologia da biologia matemática molecular). A probabilidade de transição de uma espécie para outra pressupõe um número inconcebivelmente grande de mudanças sincronizadas, mudanças especializadas nos genes, codificações precisamente coincidentais mas completamente ao acaso (DNA) de informação genética - mutações ao acaso e novas combinações de genes reprodutivos - de tal forma que apenas o período de tempo em que existiu vida na terra - ou mesmo o período de tempo toda a história do universo (cerca de quinze bilhões de anos) - não seria suficiente para que elas ocorressem. 

Mais especificamente, para um novo organismo nascer, certa mudança aleatória, ou "acaso", ocorre no código genético, ou DNA, nos 1010 núcleos que o compõe. As mudanças são aleatórias porque apenas essas são transmitidas: características adquiridas não são herdadas - isto é, elas não contribuem para novas informações genéticas (se algum animal perde um olho isso não significa que algum descendente nascerá só com um olho). Mudanças aleatórias criam um novo código, que determinam novas características herdáveis. Se as novas características ocorrerem, novamente pelo acaso, sendo bem sucedidas do ponto de vista da adaptação natural, então o novo organismo que emergir sobreviverá e com isso um novo código genético, ou set de DNA surgirá. Se caso ocorrer o contrário, tanto o organismo como o código desaparecerá.

Se nós calcularmos quanto desses códigos aleatórios (DNA) devem passar pelo teste da seleção natural para que a vida possa evoluir de um organismo unicelular até os seres humanos (como os Darwinistas alegam) - códigos suficientemente estáveis e viáveis para constituírem links na cadeia evolucionária da vida - nós podemos afirmar aquilo que dissemos acima, ou seja, que até mesmo a idade do universo nos fornece um intervalo de tempo insuficiente.

Fundamentando-se na biologia matemática molecular, a teoria da evolução das espécies baseada em mudanças genéticas ao acaso, ou em provas e no controle através da seleção natural, não parece mais ser cientificamente válida atualmente. Recorrer a uma operação sinérgica da seleção natural e puro acaso exige mais por uma linha de pesquisa metafísica do que científica.


Christos Yannaras no livro Relational Ontology

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